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18 de fevereiro de 2011

Dona Matilde


Quando menina, mudei para casa de meu padrasto, um terreno enorme, com plantas e árvores, lembro que, sobre a sombra de um pé de tangerina havia um aquário, com peixes vermelhos, pretos e dourados. Para mim tudo era novidade.
    Passados alguns dias, conheci duas das filhas da vizinha e através delas conheci Dona Matilde, mãe das garotas, a "véia", uma pessoa amável, amiga e apaixonada por revistas de fotonovela, muito comuns na época. E, que anos mais tarde descobri ter sido registrada pela mãe com o nome de Rozália e o pai impôs que a chamariam de Matilde, já que 2 irmãs com o nome de Rosália haviam falecido ainda bebês.

    Apesar, de não ser tão velha como sempre pensávamos que eram os adultos, ela tinha os cabelos branquinhos, sua pele alva e fresca, sempre cheirando a sabonete, boa de ser beijada e acariciada.
    Mãe de dois filhos e três filhas, Antonio e Jurandir, Rosa, Diva e Tânia.

    Seu marido era o senhor Ramon, o qual chamávamos de Salim, devido a sua relutância em colocar a mão na carteira, (um verdadeiro pão-duro), porém de um coração imenso, uma das pessoas mais honestas e sinceras que já vi..
    Sua casa, feita de tijolinhos e barro, sem acabamento, era cheia de encanto e magia, bem pequena, mas vivia cheia de gente, na maioria jovens, adolescentes, entre eles o meu primeiro marido (primeiro fiasco marital). O quintal com pés de café, um poço fundo onde jogaram alguns cascudos que lá viviam tranqüilamente, e Natalina, uma gansa, que seguia, apaixonadamente, a dona da casa para todo canto e corria atrás da gente. Era uma festa constante, o som alto, as fogueiras à noitinha, o café cheiroso que nunca faltava e por vezes o puxão de orelha que nos dava, além do enorme carinho que dela recebíamos, fazia com que a cada dia, nossa turma aumentasse e a casa ficasse mais cheia.
    Um dia, o dono do terreno resolveu vendê-lo, depois de mais de 20 anos ela teve que se mudar, primeiro para um bairro próximo, depois foi para Itapecerica da Serra, cidade pequena, próxima de São Paulo, para mim era distante, já não seria mais a nossa vizinha, sempre por perto. Mesmo distante, quando algo nos afligia ou quando nos sentíamos acuados, assustados, corríamos para seus braços, pois sabíamos que lá teríamos, amor, apoio, compreensão e a certeza de sermos amparados.
    Assim, prosseguiu nossas vidas, crescemos, casamos, descasamos e voltamos a nos casar, nos tornamos pais e até avós. Seu filho Antonio foi meu segundo casamento, (outro fiasco), ela se tornou avó de um dos meus filhos, mas para mim, não era sogra, era a minha amiga e, mesmo depois de desfeita a união com seu filho, continuamos a mesma amizade que a muito existia.
    Quando o Salim faleceu todos pensamos que ela deixaria de ser a pessoa que era, porém reagiu com extrema força e voltou em alguns meses a ter a mesma alegria e vivacidade, sempre dando suas voltinhas, batendo canelinha, como ela mesma dizia.

        Na medida do possível, visitava todos nós, cada dia uma casa, nos fazendo tão felizes com sua presença. Quando ela aparecia era uma ciumeira danada, sempre. brigávamos para que ficasse conosco, todos moravamos perto uns dos outros, ela então se desdobrava para contentar a todos e por vezes até fugia.
        Porém, certa manhã, bateram na janela do meu quarto, era minha mãe, ela recebeu o recado: dona Matilde havia morrido.
        Morreu, como viveu, sem incomodar ninguém, deitou-se antes da primeira partida da seleção brasileira, pela copa do mundo de 1994, ia esperar a hora do jogo e o café que a nora lhe traria.

        Adormeceu e partiu.

        Não fui lhe dar meu adeus. Nunca gostei de partidas, nem ela tampouco e até hoje nas horas de angustia ou de desespero, penso em correr para sua casa, procurar por ela...esquecendo por alguns instantes que já não a tenho para me amparar.
        Nesses momentos percebo que sem ela, cada um daquela turma barulhenta, silenciou. Pois, perdeu um pedaço da própria vida e junto também se foi um resto de ingenuidade e toda a felicidade que tínhamos naqueles dias.
        ******
        Homenagem que faço em nome de uma turma de garotos e garotas que, cresceu cedo demais e tem muita saudade: Antonio, Jurandir, Rosa, Diva, Tânia, Ivonete, Nego, Maurício, Aurélio, Osório, Gabriel, Oliveira, Bica, Gato, Pernica, Gilberto, Ivete, Miriam, Milton, Marlene, Maria Helena, Nenê, Iracema, Célia, Mancada, Lopão, Roberto do Vagão, Roberto Magro, Jorge, Valdecir, Miro, Cláudio, Vadinho, Epitácio...e tantos outros que nem me lembro.

4 comentários:

  1. KE HOMENAGEM LINDA IVONETE KE VC FES PRA MINHA MAE KE SAUDDES KE SINTO DA MINHA MAEZINHA ERA + KE MAE ERA AMIGA COMPANHEIRA TE AMO MAE SEMPRE TE AMAREI MUITO OBRIGADO IVONETE GOSTO MUITO DE VC MINHA AMIGA EU ROSA MARIA BORRERO NAVARRO

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  2. amiga que homenagem linda a dona Matilde, me emocionei
    oi linda adorei suas receitas ainda mais agora logo logo é dia das mães é e nada melhor que presentea las com essas fofurinhas. Eu agora estou a me dedicar com uma capinha em lã que estou a fazer para meu bebê o Lucas tambem logo vou mostrar algumas coisinhas em lembrancinhas qque estou a fazer e o que fiz em EVA algumas decoraçoes em porta retrato. Desde de ja te desejo uma otima semaninha e eu e o Lucas meu bebezinho te deixamos um bjao e sempre que puder estarei aqui pq sou sua seguidora apaixonada pelo seu cantinho Re

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  3. Oi Kika que linda homenagem....
    Vim a gradecer tua visita no nosso blog Crocheteiras solidarias do sul, obrigada pelo apoio.
    Adorei teu cantinho, beijos e uma linda semana

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  4. Oi Kika - Parabéns pela homenagem à "Veia" Dona Matilde, Sr Ramon, com suas citação, voce tambem homenageou a nos que vivemos e convivemos com esta familia mararavilhosa, que eu nunca esqueci. Eu atesto esta historia verdadeira que fizemos parte dela , Grato Kika. Valdeci S. Duarte

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